Alma de explorador

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Sou um grande explorador. Grande não, minto: um pequeno explorador. Do tipo que vai e vê, capta a substância e volta. Mas vou, pois necessito. Preservo a lucidez, contudo. E Deus como porto seguro.

Como se diz, “confiar desconfiando”. Discreto, entro e capto os sons, atento-me aos movimentos: de modo que não sou um homem do subsolo mas outro, que pára ao meio da escada que leva ao porão e dali estuda o ambiente. Se a escuridão é muita lá embaixo e o cheiro de mofo arde-me as narinas, volto, antes que me fechem a porta e não haja retorno possível.

(Dostoiévski chamaria a isso covardia? Não sei. Eu chamo de prudência.)

O caso é que me atrai o diferente que a manada rejeita, por isso mesmo: manadas adoram consensos e o consenso me aborrece. Quando todos repetem mantras em coro, tatuam as mentes, volto-me e parto em busca do Verdadeiro dentro da suposta mentira rejeitada; por vezes, encontro ali outra verdade, sutil e profunda, ocultada qual um tesouro sob montanhas de mistificações, sofismas e preconceitos burros (passe a redundância).

Não raro, a mentira é só uma verdade mal explicada e a verdade, uma mentira bem contada.

Pois lá vou eu rumo ao diferente. Todavia, não me entrego às cegas nem me lanço de corpo e alma. Não: quieto, apenas aproximo-me, paro e observo à média distância. Deixo que ele se mostre e fale enquanto calo, durante o tempo necessário.

Assim minha alma aprende o bem e o mal, se vale ou não vale a pena. De todo modo ela aprende, ela evolui. Sem escapar de mim, porém.




Texto 100% Criação Humana / 0% Inteligência Artificial
(Selo criado por Beth Spencer)

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