O varão de outrora:
singrava mares,
explorava terras,
subjugava feras,
erguia altares.
Nas longas jornadas, saudosas ausências:
donzelas amadas a reencontrar.
O mundo atual, arqui-desbravado, tecnológico:
parafusos e porcas, amontoados.
Mil telas luminescentes, nada a observar,
faces estranhas a nos ordenar.
Códigos tolos em tudo apontam:
o quê fazer,
em quê pensar,
o quê comer,
o quê negar e o quê aprovar.
Foi-nos embora
a auto-determinação,
a autodefesa,
a subsistência.
Quem ainda planta pra colher?
Quem ainda caça pra comer?
Há sempre um fantasma, desconhecido, distante
Pago para tudo por nós fazer
A força que antigas máquinas demandavam
trocou-se por toques em telas, delicados:
pensar não é preciso; basta operar.
Não há em nada disso sentido.
A vida do Homem tem sentido se plena
de nobre missão, o senso do bem, cumprir seu dever.
Por isso é que anulam a virilidade:
sem ela o Homem não pode viver
— não querem deixar o Homem viver.