
OS TEXTOS são minha matéria-prima desde 1997, quando, ainda adolescente, comecei a trabalhar num pequeno jornal de São Paulo. Comecei como diagramador, e nessa profissão permaneci ao longo de quinze anos. Depois disso, passei ao marketing editorial (minha formação e onde ainda atuo profissionalmente, usando o conhecimento em design gráfico como ferramenta) e, paralelo à profissão, descobri-me na literatura.
Literatura é um nome algo pomposo à primeira vista, e há uma boa dose de definições para ela. De forma muito resumida, diria que literatura é a arte da escrita, o texto na melhor forma normalmente encontrado nos livros. No entanto, literatura não abrange apenas a ficção, mas se estende a uma gama de gêneros, como a poesia, a crônica, o ensaio, a memorialística, o colunismo de jornal etc. Não seria errado dizer que onde existe texto escrito com estilo, com vida e autenticidade, aí há literatura.
No meu caso, por que me meter com isso de escrever? Como cheguei a isso?
Foi como leitor em primeiro lugar (minha paixão até hoje), leitor de livros mais propriamente. Num primeiro instante, a gente se encanta com os grandes autores, clássicos ou não; deixamo-nos envolver não só pelas histórias emocionantes, pelos versos sublimes, pelas verdades expressas de uma maneira bela; chega uma certa altura em que começamos — como a criança que ensaia os primeiros passos e cai e levanta e tenta andar de novo —, a escrever o que a inspiração nos traz. Foi assim comigo.
Descobri-me leitor no sentido forte da palavra quando li Tolstói pela primeira vez. Não imaginava como é possível a alguém escrever histórias daquela maneira tão vívida, tão presente. Fiquei admirado com aquele poder, realmente.
A admiração levou-me a prestar atenção à criação literária, a construção de histórias, enredos, personagens; foi nesse período que li Flaubert e seu clássico Madame Bovary. De cara, percebi a precisão vocabular, o parágrafo milimétrico, a contenção que busca a justa medida e a ‘arquitetura’ toda da escrita do grande autor francês. Li mais a respeito dele e descobri que, de fato, aquilo não foi por acaso. Flaubert revelou-se a mim um verdadeiro arquiteto de textos e de histórias, um artífice, um escultor das palavras.
Ainda como curioso, como diletante particularmente interessado na arte da escrita, cheguei a outro autor não lido até então: William Somerset Maugham e seu Servidão Humana (Of Human Bondage). Li sem nenhum interesse em particular além da história em si, e, de repente, tenho um vislumbre. Não sei bem explicar o que ocorreu. Admirado com o que lia, de repente entendi a arquitetura do romance e do contar histórias. De forma intuitiva, entendi o que é o desenvolvimento de personagem, o arco temporal, o cenário, o conflito, a reviravolta, isto é, os elementos que compõem um romance. Entendi ainda sem os termos correspondentes, bem entendido, mas descobri ali o que queria fazer: escrever literatura, me preparar para isso; tudo com respeito pela arte, com dedicação e empenho. Percebi o quanto fazer literatura exige entrega de si, requer alma, coração e sinceridade.
Alma, coração e sinceridade. Mas não só: estudo e aprendizado constantes.
Enquanto estudava a criação literária (livremente, em cursos, leituras e treinos espontâneos), fui construindo meu primeiro romance, Francisco Maia. As primeiras notas foram tomadas em 2015. Dali, planejei os capítulos e meditei no enredo e na caracterização dos personagens. Em 2018, escrevi a primeira versão do romance. Faria uma segunda versão em 2020, e uma revisão crítica meses depois. Tudo isso levou um total de oito anos, entre escrita lenta, consertos, ajustes, acréscimos, cortes, reflexões e revisões. Finalmente o livro está pronto, em sua forma final, e aguarda publicação.
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(Selo criado por Beth Spencer)