A tela

Eis-me defronte à tela branca e fria
Pincéis, paleta: preparo mil cores
Inspira minh’alma os muitos amores
Que obtive de ti, musa fugidia

Preencho e misturo suaves pinceladas
Deslizo o óleo na superfície nua
E eu que deslizava na pele tua
Tenho lembrança, tinta e mais nada

Matizes confundem, nada aparece
Nuances não vejo, nem visões sutis
Tal é nosso amor, que falha e fenece

As cores não vivem, há só luzes vis
Meu quadro está opaco, opaca é minha prece
Amar não queres: a tela não te quis

O que achou do texto? Comente!