As celebridades
e a histeria coletiva

DE UNS TEMPOS PARA CÁ, iniciou-se um ciclo de histeria coletiva no chamado meio artístico, desde o show business americano, do noticiário ao cinema, e que vez ou outra respinga no Brasil — já que espirro americano logo vira pneumonia por aqui — por meio da Rede Globo e cia. limitada.

Este ciclo de histeria coletiva é efeito colateral do politicamente correto, o qual, se inicialmente policiava termos ofensivos substituindo-os por eufemismos polidos para não ofender minorias e grupos fragilizados, hoje tornou-se um festival de acusações malucas e denunciações paranóicas de males abstratos que, a julgar pelo que é denunciado ostensivamente, dá a impressão de que estamos imersos em malignidades tão claras e palpáveis que se poderia cortá-las em fatias, de tão concretas e materiais que são.

Não obstante, trata-se exatamente do contrário, muito pelo contrário. Os males que o subproduto histérico do politicamente correto pretende denunciar nem de longe correspondem à realidade. Enquanto se apontam males onde não os há, ao menos não epidemicamente, males verdadeiros são maliciosamente ocultados, dando a impressão aos desavisados que aqueles sequer existem. Vejam, por exemplo, as tais denúncias indignadíssimas contra os “assediadores sexuais” de Hollywood. Eles são tão poucos, mas tão poucos, que se pode apontar seus nomes. Fosse um mal epidêmico, seria inabarcável tentar apontar cada um deles, de tão numerosos.

No entanto, a suposta “guerra aos assediadores” — não a este fulano ou àquele beltrano, problema que seria facilmente resolvido na justiça, mas a assédios em abstrato — pretende criar, bem lá no fundo, um estado de superioridade tal nas denunciantes ou nas identificadas com elas que, ao inocular tais sentimentos na população feminina das novas gerações sob suas influências, as levará a uma confusão generalizada nas relações normais entre os sexos opostos.

Traduzindo, senhoras e senhores: enxerguem a coisa ainda em germe, por favor. A relação heterossexual, homem e mulher, começa a dar sinais de estar sob ataque. Peço que guardem seus risos por um minuto e admitam a hipótese.

Existe a abordagem normal e sadia entre os sexos opostos e o assédio sexual, que são coisas completamente diferentes. Sim, você e eu sabemos disso, algo óbvio. Contudo, ao apontar assédios masculinos onipresentes sem explicar o que vem a ser exatamente assédio e o que simplesmente é flerte, como diferenciar um de outro?

Ao deixar as definições “em aberto”, ao mesmo tempo em que se inflam egos femininos — feministas? — e, quando por outro lado se abafa qualquer iniciativa masculina, ou quando a própria masculinidade saudável é sistematicamente desestimulada desde a infância; ao mesmo tempo em que todo masculino é desconstruído e ressignificado nos garotos, e que o melhor homem de acordo com os ditames da mídia e da academia é aquele que renuncia ao próprio sexo em que nasceu, pergunto: o que acham que está acontecendo?

Não se pense apenas nas nossas relações imediatas de cada dia: quando se olha para a vida comezinha diária, tudo ainda nos parece tediosamente normal. Todavia, chegará até nós tais maluquices, mais cedo ou mais tarde, não se enganem. Ao menos, a intenção é esta. Porém, tudo começa pelas chamadas elites, tanto a endinheirada, onipresente e invisível que financia este movimento todo, quanto a elite midiática que penetra nos lares, além da intelectualidade que determina toda a pedagogia formadora dos cidadãos do futuro — as crianças, meninos e meninas.

Para se ter uma idéia, já há relatos de garotos de 17, 18 anos que temem se aproximar e conversar com uma menina de mesma idade. E as meninas, por sua vez, não conseguem mais travar um diálogo fluente e normal com eles, sem se fazerem desnecessariamente de superiores, e julgarem cada termo do diálogo classificando-o de acordo com os ditames do feminismo ou do politicamente correto que aprenderam, intencionalmente ou não. Haverá alguma possível relação amorosa que resista a tal policiamento?

Entendem? Por mais ridículo que pareça (pense em quantas coisas nos pareciam ridículas em, digamos, 1987, e hoje são normais), a relação heterossexual, aquela que nos gera a todos, héteros ou homos, está sob ataque — ainda sutil, sim, ainda em germe — mas está. Claro, tudo sob pretextos belos e iluminados, tais como combate a machismos ou a assédios sexuais por parte dos malignos homens, todos eles, justamente quando a taxa de testosterona é a menor da história (o rosto de Justin Bieber não me deixa mentir).

Os pontas de lança deste movimento histérico são a mídia americana televisiva e de Hollywood, ambas financiadas pelas elites bilionárias e suas respectivas fundações. Há três décadas, os males da esquerda internacional concentravam-se em Moscou. Hoje, concentram-se nos Estados Unidos, mais precisamente no Partido Democrata e seus militantes midiáticos perfeitamente obedientes a seus senhores.

A continuar assim, tempos sombrios avizinham-se, preparemo-nos todos. De minha parte, espero sinceramente estar errado em minha previsão.

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