A arte é fascinante. Quando nos toca, passa a ser parte de nossa constituição, aloja-se na alma, metaboliza-se em nós. Não sabemos e nunca saberemos, concretamente, o estado de espírito do artista ao realizar a obra. Não vimos o que o pintor viu, não sentimos o que o poeta sentiu, não estávamos na cena que o escritor observou ao fazer o romance. Por que o músico usou aquela harmonia e não outra? Que pretendia o escultor ao dar o primeiro talho na pedra? Impossível saber.
Pouco importa, no entanto: ao nos depararmos com a arte, ela nos penetra, nos atinge fundo com sua beleza, seu esplendor, sua singeleza, sua força. E neste instante mágico, ela se desprende do autor: ganha vida própria e faz parte daquele que a contempla. É patrimônio pessoal e ao mesmo tempo universal. Transforma, enriquece a humanidade inteira a partir de um único indivíduo que dela desfrute.
Não é um mistério? Eis porque a arte é fascinante – as belas artes, para ser exato: ela é eterna, tanto quanto a alma é eterna, tanto quanto Deus é eterno. A arte é o próprio Deus a se exprimir, através do artista.