não tenho lado, apenas percebo
não porto bandeiras, trabalho a intuição:
não vão atar-me a interesses sujos inconfessos
nem a perversas sensatezes cínicas
de mil e uma seriedades calhordas.
desistam de mim, senhores. desistam.
se me puxarem, não irei
se me desprezarem, os desprezei antes:
assim, empatamos;
mas eu triunfei.
o que quero? bem benigno e vero, em tudo e a todos
não só a conveniência vil e cega dos demônios.
eu vi: quis-se dinheiro de início, e isso foi tudo
hoje querem mais: prestígio, pétrea razão,
lavar cérebros suscetíveis.
ah, não o meu; o meu não terão.
se tenho agora lado? errado: apenas percebo
e se me puxam, não vou. desistam.
o que farei? cá estarei, só, se necessário for,
sem levar-me pelas ventanias da tolice (não tidas como tal):
eis meu singelo e atual heroísmo.
bem benigno quero: a mim, ao outro, em tudo.
de uma coisa sei: rejeito ao bem que no fundo é mal, porém.