Metrópole

Metrópole.
Nascer em ti é não ter raiz:
vínculos duram um ano letivo.
Um dia festivo. Um emprego ativo.

Metrópole.
Nas multidões, milhares de solidões.
Nos entreolhares desconhecidos,
caras de mútuas suspeições.

Metrópole.
Alegrias etílicas, risos compulsórios:
toda inibição é quebrada
por extroversão forçada.

Metrópole.
Guetos e tribos: não-pessoas, fantasiadas.
Grades vigiadas: casas-prisão, torres-fortes.
Vultos através de vidros fumê, velozes.

Metrópole.
Viver, em essência? Fora de ti, apenas:
descalço no chão, comida com a mão;
nenhuma fachada ou civilidade inventada…

Metrópole.
Livrarei-me de ti, semi-perpétua prisão:
distante daqui, vida despojada,
a libertação mais que desejada.

— E quando este dia chegar, então,
mero vapor de lembrança serás:
tortura perene, nunca mais não.

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