A MODA surgiu para destacar a individualidade. Bem, ao menos no início foi assim. Nos dias made in china em que vivemos, porém, ela tornou-se o oposto: hoje não há nada mais nivelador que a moda. Quando inova, apenas troca uniformidades do presente por uniformidades do futuro. A isto chamam tendência.
Curiosamente, isso em nada incomoda o consumidor. Ele sequer percebe o que acontece. E não incomoda precisamente porque, sendo humano, no fundo, ele não busca singularidade, mas homogeneidade; quer parecer e pertencer, sente prazer no mimetismo. É um processo inconsciente, na maioria das vezes: estar na moda é ser igual a alguém. Quando não se imita o gosto da sociedade em geral, imita-se um grupo de referência, talvez a atriz da novela. Mas imita-se, o tempo todo.
A indústria da moda não quer dar autenticidade, de fato, a ninguém; por isso mesmo, gasta milhões para vender a ilusão de autenticidade, e a vende muito bem, por sinal. É seu maior triunfo.
Se as pessoas buscassem uma marca singular no vestir, retornariam aos costureiros, como antigamente. Passariam longe de lojas e shopping centers. Liquidação? Bateriam na madeira.