Os meninos
consertados

Reportagem exclusiva da revista New Science, edição de novembro de 2048

Tempo de leitura: 7 minutos

QUANDO O GENE DO MACHISMO foi identificado pela dupla de cientistas Meredith Mayer e Sheronda James-Jones, a comunidade internacional vibrou com aquilo que a presidente americana Angela Streep classificou como “a libertação da humanidade”.

Isso porque, graças ao mapeamento da linha machista presente no DNA dos humanos-com-falo, seres popularmente chamado de homens, as pesquisadoras conseguiram remover com sucesso, já no colo do útero e na fase embrionária, o que se convencionou chamar de a linha indesejada.

A linha indesejada é justamente aquela que a dupla Mayer-Jones identificou com elegância e demonstrou ser possível removê-la do código genético, de modo simples e eficaz, como quem remove uma linha conflitante num código-fonte de um software ou aplicativo digital.

“Acho que consertamos um enorme ‘bug de programação’ dos humanos, quem sabe o maior deles”, disse uma emocionada doutora Mayer no discurso de premiação. Ela se referia ao fato de que, a partir da descoberta, em pouco mais de meia década todos os meninos já viriam de fábrica com a linha defeituosa ausente, o que desde então tem sido apontado pelas lideranças globais como a maior conquista da humanidade desde a clonagem da ovelha Dolly, no século passado.

A descoberta chamou a atenção da comunidade científica mundo afora, e gerou repercussão não só nos meios especializados como motivou a comissão do Nobel a laurear as geneticistas com distinção alvissareira. Após uma intensa sessão de aplausos efusivos, a dupla foi ovacionada como popstars na cerimônia de entrega do prêmio.

As primeiras correções genéticas – sintetizadas na forma de vacina de mRNA 7.0 e adquirida em massa pelos principais governos do mundo – causaram alvoroço. A procura foi enorme. A imunização em massa foi administrada em cada canto do país, de metrópoles a vilarejos, de forma ampla e gratuita. Propagandas televisivas com ídolos e influencers da internet de cada país convidavam os adolescentes e crianças a se vacinarem nas escolas, shopping centers e parques da cidade.

A ideia era imunizar cada jovem contra o “gene ruim”, as propagandas diziam, antes que a geração chegasse à vida sexual ativa. Depois, devidamente imunizada, todos poderiam ter filhas e especialmente filhos totalmente isentos de machismo na dupla hélice do código genético.

A vacinação mundo afora foi um sucesso, uma verdadeira revolução. Como previsto, em pouco tempo os resultados se mostraram favoráveis: as taxas de violência contra as mulheres caíram substantivamente. Em alguns locais, houve mais queixas de violência de mulher contra mulher do que de homem contra mulher. Nem mesmo a típica violência de homem contra homem houve como antes, exceto nos cortes geracionais renitentes e não-imunizados, a maioria a caminho da terceira idade. Mas as taxas negativas estacionaram na mediana inferior, o que levou a OMS a declarar meses atrás o machismo tecnicamente erradicado do Ocidente.

Efeito colateral
Isso foi há vinte anos. Tudo parecia ótimo desde a descoberta, até que os primeiros nascituros sem a linha indesejada atingiram a puberdade. Nessa fase, observou-se certas peculiaridades que os novos espécimes machos da humanidade, imunizados desde a gestação, traziam em relação aos equivalentes defeituosos do passado.

Os primeiros imunizados e reprogramados — de diferentes partes do globo e de variadas etnias — foram observados com perícia pela competente dupla Mayer-Jones nos laboratórios do MIT, os mais avançados do mundo. Nos testes, observou-se alguns efeitos colaterais leves, considerados de baixo risco: queda da taxa de hormônio do crescimento na glândula pituitária e ausência de pelos corporais como os espécimes de antigamente.

Além disso, a textura da epiderme e a densidade das fibras musculares dos meninos pareciam muito semelhantes ao das meninas, mais suave e adiposa. A contagem de cabelos no couro cabeludo também equivalia ao delas. Antes, o número de bulbos capilares era tradicionalmente menor nos meninos.

Os testes preliminares não apresentavam nada de muito crítico segundo as premiadas com o Nobel. Diretoras de corporações e chefas de governo, no entanto, causaram certa pressão e desconforto às geneticistas, preocupadas respectivamente com a produtividade em funções específicas destinadas aos machos (trabalhos pesados ou com risco iminente de morte). As governantes diziam não dispor de verbas públicas para destinar a algo como “saúde do homem”, como há meio século se ocupa com a saúde da mulher, termo consagrado, assentado e tradicional nas resoluções da OMS.

Conforme os primeiros anos passaram, observou-se entre os garotos imunizados e reprogramados uma retração fálica atípica, algo como um minúsculo cisto injetado logo abaixo do púbis, sem possibilidade de estender-se. O calo foi apelidado pela medicina de segundo-umbigo, algo como uma protuberância discretamente saliente. Nos testes, as vesículas seminais dos garotos não produziam qualquer substância de tipo viscosa ou seminal.

Testes de indução erógena foram realizados. Após preencherem um questionário de múltipla escolha, os garotos consertados foram submetidos a imagens de meninas atraentes em visores de realidade aumentada iVision, com graus variados de insinuação sexual até a pornografia explícita. No entanto, eles não esboçavam reação. Alguns bocejavam. No monitor, o mapa de calor não indicava mais que manchas verdes e azuis na região íntima dos meninos, o que indicava ausência de circulação sanguínea, e portanto, zero estimulação.

Questionada a respeito, doutora Mayer declarou ser aquilo algo a se observar e não deu maiores detalhes; segundo ela, os garotos do laboratório contavam de quinze anos a dezoito anos e, tudo indicava, suas taxas hormonais chegariam ao ápice entre os vinte e vinte e cinco; era esperar, portanto. Já a doutora James-Jones divergiu da colega: disse que, aos quinze anos, os garotos deviam manifestar certas inclinações psicológicas e psicomotoras que os levassem à atração sexual por meninas, “o que, no limite, garantirá a existência delas no futuro”, declarou. “Sem reprodução humana, não haverá mais meninas. A neo-humanidade estará comprometida”.

Outro lado
Dias depois, nossa reportagem conversou com doutora Mayer em Berna, na Suíça. A cientista é a estrela principal do Global Genetics Summit desse ano, encontro anual de geneticistas promovido pela Organização Mundial da Saúde. Perguntada a respeito da posição da dra. Jones, ela respondeu à nossa reportagem.

“Minha colega de Nobel exagera. Claro, existe a possibilidade de não haver mais intercurso heterossexual como nos tempos arcaicos e patriarcais. No entanto, a espécie humana e sobretudo as meninas do futuro não correm risco, a meu ver. Veja, estou aqui em Berna para acompanhar, entre outras inovações do próximo quinquênio, a reprodução assexuada feminina que hoje é apenas proibitiva por uma questão econômica. Mas os governos vão entrar de cabeça na questão nos próximos meses, e o Banco Mundial irá subsidiar o direito autofecundante das mulheres mundo afora. A autofecundação humana estará disponível a todas elas em muito breve.”

Doutora Mayer se mostra otimista, como de praxe. Embora, no caso dos meninos reprogramados, soube-se que os dois primeiros consertados no DNA faleceram no mês passado, em plena adolescência: um de ataque cardíaco fulminante e outro por leucemia repentina, sem qualquer histórico familiar ou fator de complicação anterior.

O fato ligou um alerta nos críticos, especialmente nos grupos gays conservadores. Nos países de Primeiro Mundo, mulheres com posses já compram, com ágio e no mercado negro, sêmens de machos arcaicos congelados. Há relatos de fazendas seminais (seminal farms) na Holanda, Bélgica e na própria Suíça onde dra. Mayer está a palestrar. Cada frasco congelado custa uma fábula estimada em milhões de dólares. O artigo ficou raríssimo.

Alguns discutem importar espécimes da África profunda ou da Índia, mas especialistas temem lidar com uma criatura desconhecida da humanidade moderna, há décadas livre do macho arcaico. “As consequências seriam imprevisíveis”, disse uma alarmada dra. Jones, “você pode ver um leão nas fotos e nos vídeos da TV e gostar, mas ninguém quer um leão no carpete da sala”, declarou.

O fato é que os dois primeiros jovens consertados morreram, e há relatos de outros meninos consertados morrendo ao redor do mundo, todos por causas semelhantes. Em certos países, alguns deles passaram a relacionar-se afetivamente entre si, assexuadamente. A repetir o padrão, a reprodução humana inviabiliza-se. Todos se afastam naturalmente das meninas do ponto de vista afetivo. Providenciais vacinas de reversão-homo têm sido administradas nas escolas para tentar mitigar o efeito, em caráter de urgência. Por enquanto, sem sucesso.

Observação de campo
Nossa reportagem foi a Palm Lake, em New Jersey, vilarejo pioneiro na imunização e correção da linha defeituosa nos meninos. Entramos num colégio público famoso por ter todos os alunos imunizados desde as primeiras campanhas. Observamos de longe o comportamento dos alunos, todos do ensino médio — adolescentes, e portanto, na fase do flerte e da paquera — e conversamos com alguns daqueles jovens.

As meninas dizem não se atrair pelos garotos consertados, embora reconheçam a segurança de estar entre amigas mesmo na presença dos meninos. Todos somos amigas, disseram. “Amigas?”, perguntamos a uma aluna. “Sim”, ela respondeu, “lidamos com amigas e amigas um pouco diferentes, nada além disso”. A escola foi emblemática no passado, com histórico de muita violência simbólica de gênero. As manchetes estamparam os jornais. Hoje, a diferença no ambiente se mostra gritante. Ou melhor, silenciante, isto é, sem grito algum.

Os garotos consertados são reservados. Ficam pelos cantos, em pequenas turmas. Alguns permanecem totalmente isolados, e todos parecem tímidos e pacatos, até um pouco amedrontados. Ao perceberem nossa presença, saem do local e se afastam. Parecem evitar uma abordagem. Numa roda, em meio a meninas vimos um menino consertado, cujo longos cabelos loiros elas alisavam e encaracolavam com os dedos, aos risos. Colocaram o garoto no meio da turma e o tratavam como se estivessem num salão de beleza, fazendo comentários a respeito de hidratações e shampoos que dão brilho capilar.

Enquanto isso, relatórios independentes dão conta de que a mortalidade masculina jovem anda numa proporção de 39:1 em relação a meninas. A prosseguir neste nível, estima-se que em duas décadas não haja mais meninos nos países imunizados.

Doutora Mayer atenua: “acho improvável. Mas digamos que aconteça, no limite? Fariam falta? Sempre digo, aquelas que quiserem podem consultar a internet e as bibliotecas e ver gravuras de quando homens arcaicos caminhavam sobre a terra. E eu diria a elas, se estivesse por perto: vocês estão bem e em segurança porque estão sem eles.”

De volta ao colégio secundário de Palm Lake, nossa reportagem notou como algumas meninas tem raspado o cabelo e imitado o visual de homens calvos do passado, uma moda propagada via TikTok. “Quero ser o Jason Statham”, disse uma delas, sorrindo. “Vejo os filmes dele e pareço com ele agora, não pareço?”

Não parece: a reportagem ia responder, quando outra menina puxa o rosto de nossa Jason Statham a si e a beija nos lábios: “está igualzinha, meu bem. Mas livre do machismo”. A turma toda gargalhou.


Originalmente publicado na newsletter Prosaica edição 25 (7/7/2024)



Texto 100% Criação Humana / 0% Inteligência Artificial
(Selo criado por Beth Spencer)

Zé Lins ensina
a ironizar

Tempo de leitura: 5 minutos

Ainda leio jornal que suja a mão, no bom e velho papel. Faço isso desde guri, quando meu pai lia o Diario Popular (sem acento no “a”, mesmo) ou a Gazeta Esportiva, ambos de São Paulo, extintos. Pouco mais tarde, na adolescência, minha irmã mais velha encasquetou de ser jornalista e, em busca de referências, muniu-se de periódicos mais chiques: a Folha e o Estadão. Lembro especialmente das edições dominicais desses jornais, que pesavam por volta de um quilo cada exemplar. Era leitura para a semana toda. A partir de então, aprendi a ler colunistas, não sei porquê. Não parei mais. Eu devia ter o quê, uns onze, doze anos.

Leio colunistas hoje em dia: malgrado exceções muito honrosas, na maioria remanescentes do cenozóico, há uma entressafra no colunismo de dar dó. Dó do leitor. Sobe-me uns pudores por dizer o que direi, contudo é preciso: tem gente a assinar colunas que eu sinceramente não sei bem o que faz ali, para além do eventual ganho monetário. Não falo de concordância ou discordância de ideias: leio com frequência gente de quem discordo, desde que maneje bem a língua de Camões; aliás, ganham-me assim. Mas da tal entressafra, a imagino caída de paraquedas, encaixadas no veículo de imprensa por coincidências incríveis ou espertezas inimagináveis. Não sei bem.

Recentemente, dois desses privilegiados queixaram-se no Twitter de que fizeram colunas irônicas e foram mal interpretados. “Onde está a compreensão textual?”, pareciam dizer, expoentes da clareza e do bom estilo que são. Aham. A julgar pelas réplicas de leitores nervosinhos, diziam, o pessoal não entende uma simples ironia. Será? — pensei com meus botões. Porque, sendo ambos produtos da entressafra, eles não são lá muito hábeis na arte de ironizar. A figura de linguagem é coisa fina, reservada a mestres. Quero dizer: souberam eles trabalhar o recurso para que o pobre leitor entendesse, de bate-pronto? Porque, suspeito, o problema talvez fosse outro. Talvez fossem maus textos, aqueles. Eis a dura verdade.

Sustento a tese de que figuras de linguagem bem aplicadas, a ironia em especial, são captadas de imediato pelo leitor médio. Por avançados, nem se fala. Digo captados no efeito, não na definição semântica. Também quereria explicar que ironia não é sarcasmo — que é exagero carregado e amargo; nem galhofa, que é o atropelo da sutileza. Entretanto, não me dou a didatismos. Não sou professor de estilo, nem me arvoro a tal.

Para tirar a limpo, replico abaixo um texto do escritor José Lins do Rego, a que tive acesso recentemente. Não apontarei ironias: veja por si a gentil leitora, o gentil leitor, como o autor de Menino de Engenho, Fogo Morto, Riacho Doce e grande elenco maneja o idioma. E aproveite para deleitar-se com a verve do mestre, assaz melhor que a desta irrelevância, e elemento faltante à nova geração do colunismo. Volto em seguida:

Carta a Escorel

“Recebi, meu caro crítico, a sua carta onde volta a tratar de clássicos e românticos. É pena que eu não disponha de espaço para transcrevê-la, pois se trata de missiva muito bem escrita, embora não tanto bem pensada.

Em princípio não afirmei que as suas preocupações anti-românticas fossem caminho em rota batida para o reacionarismo político. Temi, somente. E temor de quem já vira outras grandes vocações como a sua tomarem por estradas perigosas. Sei de sua honestidade intelectual e me alegro em sentir em mocidade tão vibrante, e generosa, desejo de debater e, sobretudo, de compreender.

Agora, meu caro Escorel, vou lhe ser franco, muito franco: o seu horror ao romantismo, isto de querer colocar a questão entre liberdade e licença, isto de falar de anarquia, tudo isto não me agrada. Os déspotas sempre que se depararam com o problema fundamental da liberdade vinham logo com esta palavra de licença, para confundir e meter medo. Para todo aquele que se batia pela liberdade, o déspota tinha a chave: “estes que gritam pela liberdade só desejam a licença para destruir a ordem”. Confesso-lhe que não gostei de ver a sua mocidade com palavras de raposas sabidíssimas.

Outra coisa também, com que não me conformo, em sua carta, é querer você atribuir ao romantismo os crimes do nazismo. E querer botar em cima de Wagner e de Nietzsche as culpas desta guerra. Por que confundir o crime com o romantismo? O que existe no nazismo não é uma exasperação romântica como você diz, o que existe ali é somente fúria assassina. E fúria assassina ordenada, conduzida com o maior rigor, dentro de normas, ao compasso de marchas de gansos, tudo elaborado com a mais requintada gramática latina. Hitler é filho germânico de César, criação política de Roma. Wagner e os duendes da floresta negra são somente cenário para o sonho de mais um criador do império mundial. Mas isto é outro conto, como diria o inglês.

Cita você André Gide, fala de disciplina clássica como de conduta essencial à criação literária. Está tudo muito certo. Mas Gide fala para literaturas de maturidade, e nós no Brasil, meu caro Escorel, andamos em perigosa adolescência. O que é remédio para quem já deu um Montaigne não será dieta para quem carece de terra, de sol, de substâncias outras que organismos saturados repelem. Estamos nós brasileiros em tempo de muito precisar de viver, à grande. Para o homem que tem rios para atravessar, árvores para derrubar, terras virgens para lavrar, não se vai obrigar a tomar professor de ginástica sueca. A ginástica sueca fica para Gide, que cultiva rosas.

Em todo caso eu lhe diria, caro Escorel, é preciso não temer românticos. Fala o grande Valéry, tão da ordem clássica, que “toul classicisme suppose un romantisme antérieur”. E este mestre chega a estabelecer um quadro onde o romantismo aparece como o espírito pioneiro, a força que desbrava, a energia que conquista. E que, para completar esta obra, viria o clássico como a polícia de costumes, como a lei que impõe cartas de posturas, etc.

Sucede, meu caro Escorel, que nós no Brasil ainda estamos em plena selva. Ainda há muito trabalho para bandeirantes, para desbravadores, para gente dura e rude. Por isto, Escorel, eu ainda prefiro escutar os Sarmiento, os Euclides da Cunha, os Hernández, os Castro Alves. Estes sabem os segredos da mata, os perigos dos bichos, as asperezas da terra. E Gide, com todo o seu gênio de jardineiro, e Maurras, com toda a sua sabedoria da antigüidade, não saberiam nos conduzir na “bandeira”. É tudo quanto lhe diz o seu admirador.”¹

E então, ironias captadas? Se sim, minha tese há de estar certa: o bom leitor entende o bom texto; o mau escritor reclama do leitor. Possível objeção: “mas há gente que não entende mesmo, caspita! Você não sabe do analfabetismo funcional?” Sim, decerto. Mas ninguém que escreva profissionalmente o faz para incapazes de entender. Daí o problema dos moçoilos queixosos ser outro, com licença: falta muito Zé Lins e companhia limitada na cuca.

Portanto, pessoal: treino e aprendizado. C’est fini. Sem caô.


¹ REGO, José Lins do. Dias Idos e Vividos (Antologia). Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1981. pp. 113–114.


Originalmente publicado na newsletter Prosaica em 13/2/2022



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