Inferior, medíocre,
superior

A ALMA inferior é incapaz de perceber a grandeza. Para ela, grandeza de espírito não existe, simplesmente. Não porque a negue: é algo que lhe escapa, não lhe ocorre, dada sua capacidade de apreensão diminuta e precária. O inferior vive para as necessidades mais básicas da sua corporalidade, num nível lamentavelmente rasteiro, que requer mais compaixão que censura.

A alma medíocre percebe a grandeza; porém, de modo confuso, sempre negativamente. A grandeza é uma sombra da qual tenta fugir. Teme render-se a ela: para o medíocre, tudo que se eleva é uma ameaça. Diante da superioridade, o medíocre precisa achatar, simplificar e reduzir aquilo que paira acima da estatura mediana de sua compreensão. Não ser exposto à superioridade representa segurança e alívio para o medíocre.

A alma superior ama e busca a grandeza em si e fora de si; quando a vê, reconhece-a e submete-se a ela. Surpreende-se ao encontrá-la, como quem acha um tesouro. Só aos grandes espíritos é dada a apreensão profunda do que é elevado, belo e eterno. A alma superior, sensível a toda grandeza, é capaz de admirá-la e de imitar seu exemplo, sem nenhum peso ou amarra que a impeça.