Existe em mim um imenso vazio
Que nunca confessei
Disfarço, sorrio, dou voltas, despeço
Dissimulo bem
Será que eles percebem?
Sou infeliz e não conto a ninguém
Esse nada interior é produto
Da fuga desesperada diária
De mim mesmo
Do meu passado
Do meu presente
Desagradável
Existo como se aqui não estivesse
Quem dera…
Não precisar representar um papel
Viver para os outros:
Esse não sou eu.
Preciso resolver e é difícil
Me encarar, abandonar de vez
As performances, as caras e bocas
Inúteis disfarces, ridículas máscaras
Vida de entulho amontoado na alma
Caricatura do ser ideal
Quem sou eu, de verdade?
Sou a cabeça no travesseiro
Que chora em silêncio, no escuro
Pensa, repensa e mergulha em mim:
A sós comigo, só Ele me vê
Só Ele me entende
Serei preenchido é por Deus…
Preciso e quero: assim decidi.
E pôr tudo a perder?
Tudo o quê?
Tudo a ganhar…
Só tenho este exato momento
E a hora é já.
Humildemente,
Começo uma oração.
Do jeito que dá. Do jeito que eu sei.
Ele ouvirá.
Jesus ouvirá.
21/6/2014
Publicado originalmente no blog Letra Nascente